CONCRETO PROJETADO ENSACADO : MATÉRIA, SOBRE A UTILIZAÇÃO DE NOSSO PRODUTO NUMA DETERMINADA OBRA, COMENTADA NO INFORMATIVO MENSAL DO PROJETO PRODUTIVIDADE DA EMPRESA CCCC, CHAMADO DE O PARADIGMA DATADO DE MAIO DE 1994.

Devido a dificuldade de leitura das imagens, no final abaixo, das páginas 9 e 10 do informativo " O PARADIGMA " transcrevemos, então, seu conteúdo, a seguir :

CONCRETO PROJETADO ENSACADO

MATERIA

A execução de 86 shafts de acesso em concreto projetado para tuneis de pequeno diâmetro tem características contratuais e executivas importantes, quais sejam :

1 ) O poço precisa ser executado com custo baixo, já que, conforme já mencionado em outras oportunidades, não é remunerado por preço unitário, estando o seu custo de execução embutido na remuneração do metrô linear de túnel executado.

2 ) Os shafts precisam ser executados em pontos distantes e em curto espaço de tempo. Desta forma, os insumos para execução dos shafts precisam ter grande mobilidade e independência de estrutura de apoio.

3 ) Os volumes diários de produção são pequenos, inviabilizando economicamente a utilização de equipamentos de grande porte, principalmente o suprimento de concreto projetado com caminhões betoneira.

4 ) A equipe de execução do shaft precisa ser pequena, afim de viabilizar a sua execução econômica.

Dentro desse contexto, a obra aptou inicialmente pela execução dos shafts com uma empresa subempreiteira e, simultaneamente, com uma equipe própria da CCC, afim de aferir as possibilidades executivas com custo mínimo.

Ambas as empresas adotaram inicialmente o mesmo método executivo, com escavação manual, transporte vertical com guincho velox e execução de concreto projetado através de betoneira de 320 litros, dosagem em padiolas e estocagem dos materiais no local. Este processo já vem sendo adotado por outras empresas em obras similares, nos últimos anos.

Este método executivo mostrou-se improdutivo, até atingir o ponto em que a empresa subempreiteira pediu a suspensão dos serviços ( ou duplicação dos seus preços ) e a CCCC precisou partir para soluções novas.

Para escavação e transporte vertical foi adotada uma solução particular que será objeto de artigo específico de uma próxima edição do Paradigma.

Na execução do concreto projetado verificavam-se vários problemas, tais como :

1 ) Impossibilidade de controle de granulometria dos materiais, provocando valores elevados de reflexão e/ou desplacamento, aumentando muito o custo do concreto.

2 ) Impossibilidade de controle de umidade dos agregados, face as dificuldades dos canteiros apresentados, prejudicando a qualidade do produto.

3 ) Perdas de material ( areia e pedrisco ) por descuido e/ou dificuldades impostas, tais como chuvas, ausencia de local adequado para estoque, contaminação por material da escavação, etc...

4 ) Dosagem efetuada em padiolas, impossibilitando a execução de um produto homogêneo.

Nesta situação, tivemos muitos problemas com produto de requisitos mecânicos e de durabilidade abaixo dos especificados e perdas excessivas de material, e portanto, custo muito além do esperado devido às perdas e retrabalhos.

A partir daí, desenvolvemos um produto industrializado em pareceria com um fabricante (CODEPO ), de forma que a CCCC elabora o traço e a CODEPO fornece um produto absolutamente homogêneo, com umidade baixíssima, fornecido em sacos plásticos pronto para ser despejado na bomba de projeção.

A idéia de utilizar o concreto ensacado é baseado no fornecimento de concreto projetado em big-bags, largamente utilizado nos países mais desenvolvidos.

Basicamente, o fabricante efetua industrialmente atividades de grande importância na garantia de qualidade e homogeneidade do produto, principalmente secagem e peneiramento do agregado, mantendo sempre a granulometria do produto na faixa ótima recomendada pelo American Concrete Institute.

As consequências imediatas foram :

1 ) Redução das perdas por reflexão a valores mínimos.

2 ) Eliminação total de outras perdas já citadas.

3 ) Redução de equipe, eliminando-se principalmente as atividades de dosagem em betoneira.

4 ) Possibilidade de, no estágio atual, estarmos efetuando redução no consumo de cimento, baixando custo.

5 ) Aumento da qualidade, atingindo valores muito bons para os requisitos mecânicos e de durabilidade.

6 ) Suprimento do produto just-in-time, eliminando custos de estocagem.

7 ) Possibilidade de redução do consumo de aditivo a valores baixos, face a homogeneidade do produto.

8 ) Possibilidade de, no estágio atual, estarmos desenvolvendo testes para fornecimento do concreto com o aditivo já misturado no produto embalado.

9 ) Fornecimento do produto a um preço competitivo, se considerarmos os benefícios que o processo permite. Estimamos que, com a otimização do traço, possamos atingir um ganho de custos de 10 a 20 %.

O processo desenvolvido para a nossa obra conduziu ao suprimento do concreto em sacos similares a um saco de cimento, pela facilidade de manusear e pelas baixas necessidades de produção diária.

Não obstante, o produto pode ser fornecido em volumes muito maiores, para situações onde as necessidades de produção assim exigirem. No Canadá, por exemplo, os chamados dry-packs são normalmente fornecidos com 0,5 m3 ou 1,0 m3 exigindo nesses casos a utilização de dispositivos para manuseio.

Nesses casos, além dos benefícios de qualidade e homogeneidade, existem benefícios adicionais, tais como :

1 ) Eliminação do uso de caminhões-betoneira, principalmente no interior de tuneis e a deterioração dos equipamentos que isto acarreta.

2 ) Eliminação da dependência das concreteiras, com dificuldades no suprimento do dia-a-dia, envolvendo atrasos no fornecimento, etc...

Por ultimo, é importante salientar que o processo exige criatividade na solução de seu principal defeito que é a geração de muito pó, junto bomba e junto ao bico de projeção.

No nosso caso, foi fundamental a utilização de pré-umidificação similar aquela desenvolvida pelo Metrô de Brasília, e apresentada em uma edição anterior do paradigma.

Junto a bomba, ainda não encontramos uma solução ideal para minimização do pó.

A nosso ver, a principal mudança de paradigma está na industrialização do processo, eliminando uma grande variedade de empirismos comuns na construção civil.

ABAIXO IMAGENS DO INFORMATIVO " O PARADIGMA " :